APONTAMENTOS SOBRE A
REFORMA ÍNTIMA
Comprometer-se com a reforma
íntima requer muitos esforços e renúncias. Exige que ofereçamos rosas a alguém
que te presenteia com espinhos. Significa saber que pensar no outro pressupõe a
reflexão de que isso é melhor para si mesmo antes de tudo, e que isso não
implica egoísmo e sim auto estima.
São muitas as reflexões que
sobrevêm a mente de alguém que tem um compromisso perante si mesmo e Deus de
fazer crescer dentro de si valores do bem. Então, pergunto por que é tão difícil
executar aquilo que no fundo é melhor para nós?
Existem dias que fugimos
dos pensamentos, da reflexão e do contemplamento. E então ficamos diferentes, um
pouco congelados, ou melhor, paralisados. Quando se inicia esse processo de
reforma moral e para, por algum tempo ele segue o seu próprio curso
automaticamente. Aí chega um tempo que não ganha impulso sozinho e precisa
novamente de nosso trabalho interior.
A reforma íntima só é possível
quando ao mesmo tempo realizamos o autoconhecimento. Como seria possível
laborar para fazer aflorar bons sentimentos quando não se conhece os maus? É a
consciência da pessoa que abrange conforme o autoconhecimento vai
desvelando-se. A partir daí gera-se o efeito automático desse processo auto
reformador e conhecedor, uma vez que não há mais como retornar ao ponto de
partida.
Que a reforma íntima é trabalho
cansativo, já sabemos. O processo automático referido sucede no momento que
surge fadiga de mudar. O cansaço é grande porque conhecer-se dói e mudar também
dói. Então encontramo-nos entediados diante do binômio: mudar pela dor ou por
amor? Ledo engano. Ambas as formas doem. Quando se diz que se pretende aprender
por amor queremos dizer que dispensamos as dificuldades da vida e
voluntariamente buscamos melhorar. Mas aí chegamos no ponto da mudança e
sentimos dor. Dor de mudar.
A conclusão é que buscando mudar
ou tendo que mudar pelas circunstâncias desfavoráveis da vida sempre estaremos
no seio da dor. Mas não quero que meu discurso adquira um conteúdo pessimista e
melancólico, e sim que possamos ver a dor como um instrumental necessário e hábil a
proporcionar condições para empreender uma mudança interior.
Sabe aquela coisa que dizem: é a
vida! E é isso mesmo, a vida é uma imposição amorosa para que consigamos sair
da condição existencial que nos leva a dor. Em outras palavras: há flores sobre as pedras!
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