
Sentada, pergunto-me se conseguirei escrever depois de um jejum um pouco longo. Não sei a razão, pois embora tenha refletido por diversos assuntos nos últimos tempos, não tenho parado para transformar essas experiências em textos meus. Foram tantos os pensamentos, que ainda estão desordenados em minha mente e ainda não escolhi a qual dar prioridade. Ou talvez até já saiba quais são, mas não queira revivê-los.
Certa vez, uma professora de redação disse que para escrever não há necessidade de inspiração, somente tem-se que escrever. Mas, dessas vezes que quis forçar algo, sempre saiu algo meio tosco, artificial, sem graça. Desses escritos dignos de um menosprezo qualquer. Em contrapartida, quando me inspiro, julgo ser algo mais real, com mais sentido, mais visceral, truculento tal qual a natureza humana. Daí, então, me satisfaço. No fundo, deve ser só um mero ponto de vista.
Tenho escrito tanto a minha dissertação, que talvez esteja vivendo um cansaço, não mental nem físico, encontro-me entediada com as vírgulas e estou me relacionando muito mal com elas. Sei que primeiro falei de um cansaço, depois de um tédio...não sei bem o que é, as vírgulas tem me deixado chateada. Cuidado com as vírgulas! Elas são quase um parêntese em nossas vidas, um lapso, um esquecimento, um chamado, um êxtase, um quase nada de tão importantes e medonhas que são. E por falar em vírgulas, eu lembrei que adoro os sinônimos.
Em pensar que tudo que escrevo pode um dia simplesmente deixar de ser através da vulgaridade de um gesto, me entristece: tudo poderá sair do campo do existir para não mais estar. É que as letras são perecíveis assim como a lentidão de um pensamento que deixa escapar a mais divina sugestão.
Inquieto-me, distante e solícita, a espera de palavras que juntas formem harmonias frasais.
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