
As mudanças de uma vez por todas as tentadas tinha que vingar hoje. Apesar da dor nas costas e da náusea, restavam em mim forças para enfrentar meus planos. O enjôo existiu pelo desconforto de meus medos. Um acesso de fúria e temor. Não temo a minha própria segurança, e sim pelo excesso dela e de meu zelo comigo. Fujo dos impropérios e falo por meio de símbolos, pois não quero que ninguém me enxergue. Escrevo para mim. Escrevo para dizer meus dias de mim. Hoje foi um dia normal, com uma certa pitadita de euforia por executar o que pensei, parte apenas, mas que grande parte. Parto rumo aos meus sonhos com uma força maior, daquelas de guerreiros em tempos medievais, de deuses, de mártires. Zelo de mim. Não fiz o de costume, mas realizei coisas que só minhas entranhas puderam testemunhar. Satisfação interior. Hoje conversei, falei de mim e também escutei. Reservei espaços marcados por meu punho ao mundo exterior. Hoje tudo vai caminhar para um lado de onde não sei como me levará ao que busco. Porque acredito. Saí de sapatos altos, hoje definitivamente não foi um dia normal. Talvez uma crise de falta de censo. Andar de sapatos altos? Incrivelmente meus pés não doíam como de costume, nem criaram calos, o joanete nunca doeu mesmo... por quê? Acho que era a força dos guerreiros que fincaram em meus pés, fazendo marcar suavemente meus rastros por onde andei. E como andei. Sem dor. Senti-me elevada, como numa espécie de pedestal móvel. Hoje usei sapatos altos. E não senti dor.
2 comentários:
Isabela: Gostaria de ver-te de sapatos altos. Nunca vi...
Bjs.,
Don Avelino
Parece não teres lido teus ócios neste blog. Observei que gostaria de ver-te, ao pé-da-letra, de sapatos altos. Não com a displicência que significa a expressão figurada (sapatos altos). Mas com a elegância de um luiz XV no contorcionismo dos pés alvos, na sola e no peito, como se andasses passeando em ovos, frágeis como tua beleza, mas férteis como teu encanto. Um encanto simples de quem cala e a mente, opositora, prolifera palavras indizíveis a quem mais se ama. Como o meu, o teu amor é mudo...
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